Estava eu a almoçar quando toca o telefone fixo, a minha mãe atende e me diz "é para ti..." Julgando eu que seria algum telefonema daqueles a fazer pergutas de alguma operadora, atendi com a boca cheia de comida. Oiço do outro lado "fala do hospital XPTO e e para vir ter com o dr. "Coisinho" amanhã às dez e meia...", despachou-me e desligou o telefone!
Foi uma coisa tão inesperada que eu nem me lembrei de perguntar se seria para fazer já a cirurgia, se teria de levar alguma coisa, se era só para falar com o médico...
Conclusão: agora estou em pulgas e a tremelicar até amanhã às 10.30. Não me dava jeito nenhum ser internada já amanhã... a ver vamos o que me está reservado. Stay tunned!
Reparei que existia. Acordei bem disposta como sempre. Mas não sei se pelo desaparecimento da chuva ou pelo aparecimento do sol, reparei em mim. Lembrei-me que eu existia.
Decidi então que iria enfeitar-me. Como há muito não o fazia ou então só em ocasiões especiais.
Vesti peças de roupa que eu gosto muito, das cores que eu prefiro e que me ficam bem. Lavei o cabelo e dei-lhe um jeito diferente do liso habitual (embora de liso não passe).
Coloquei os meus cremes faciais e, decidi, que se a moldura da cara estava diferente, a cara também teria de o estar. Foi nessa altura que me lembrei daquilo que me dizem: que tenho uns olhos muito bonitos. Evidenciei-os um pouco mais. Passei rímel e coloquei um belo risco azul por cima, na pálpebra junto às pestanas. Adoro este lápis!
Mas achei que o quadro não estava completo. Faltava-lhe uma pincelada. Colori os lábios com o meu batom favorito: um gloss em tom natural mas de reflexos dourados. Os lábios ficaram lindos.
Rematei com o perfume. Hoje não foi o meu cheiro diário. Resolvi que se tinha caprichado nas outras coisas, aqui também o teria de fazer. Fui buscar o do frasquinho azul. Simplesmente delicioso. Sinto vontade de me cheirar a mim própria permanentemente.
Antes de mais quero dizer que fiz a experiência. Sim, a experiência do banco, remember?
Sentei-me no tal banco e preparei-me para apanhar a maior vergonha da minha vida, caso o banco tivesse alguma maldição e eu desatasse a falar sozinha! Até comecei a mascar uma pastilha… Just in case!
Mas lamento informar que:
1º - O banco não tem nada de anormal e nem maldição nenhuma;
2º - Não apanhei a maior vergonha da minha vida… ainda!
3º - Ainda não estou louca pois fui todo o caminho de boca fechada. Só de vez em quando é que a abria para fazer um balãozinho com a pastilha. Mas sem estalo! Sou muito fina!
Vocês não sei, mas eu estou farta deste vento. Nem é da chuva. É mesmo desta ventania que faz tudo andar num redemoinho.
Quando saí do colégio, levei com uma rabanada de vento tão grande que até fui aos ziguezagues rua abaixo. E mais… (agora vou revelar um pormenor pessoal muito pudibundo…) como se uma rabanada de vento não bastasse, tive levar com duas! E a segunda tinha brinde: uns pózinhos!
Ora eu que até sou uma moça que usa (aqui vai o pormenor pudibundo… tcharam!) auxiliares visuais de encaixe, vulgos lentes de contacto, gramei com aquele areal todo na minha vista que até fiquei a ver a praia ao fundo da rua!!!
Mas o pior, pior, pior, é que a areia entre a lente e o olho é a coisa mais horrível do mundo. E a seguir vem a choradeira total. Eu, ali, na paragem lavada em lágrimas e com os olhos vermelhíssimos! Deviam pensar que eu tinha apanhado um grande desgosto! Chorei até mais não. E depois nem conseguia abrir os olhos.
Já só pensava “bolas! Vou perder a camioneta porque não a vejo… não consigo abrir os olhos…!!!” Argh!
Mas não perdi. Aquela choradeira acalmou (mas os olhos deviam estar lindos porque estava toda a gente a olhar para mim) e eu segui o meu caminho a ler os catálogos e prospectos que o francês de olhos azuis penetrantes da Macmillan me tinha dado. Ai que vidinha!